Sentam-se à porta, as mulheres de preto e tecem o que resta dos afectos
Gente chamada solidão
Foram estas mãos que lavraram a terra, que semearam o trigo, que ceifaram as searas.
Foram estas as mãos que amassaram o pão das refeições do patrão.
Foram estas mãos que ordenharam o gado que dava o leite que bebia o filho do patrão, elas faziam o queijo, cavavam a terra, colhiam a fruta, faziam a mesa, a cadeira, teciam os cortes dos vestido da senhora, dos bibes dos meninos...
Foram estas mãos, simples mãos, marcadas, calejadas que lhe fizeram o caixão, que abriram a cova e enterraram o patrão.
São estas as mãos dos explorados.
São estas as mãos dos Homens esquecidos.
Roubado ao Maltês ( fotos e textos, pela ternura que os mesmos encerram)
Roubado ao Maltês ( fotos e textos, pela ternura que os mesmos encerram)
7 comentários:
São essas as mãos que dão vida e a tornam colorida.
Como te compreendo amiga.
Ainda hoje tive nas minhas mãos, trabalhos feitos pela minha tia Ana Isabel, que carinhosamente tratávamos por Nanã.
Trabalhava no campo de sol a sol desde os 10 anos, na ceifa, na monda, na apanha do grão, na apanha das azeitonas, mas chegada a casa após a lida, muitas rendas e lençóis com bainhas abertas bordadas, foram feitas por ela.
As mesmas mãos fortes no trabalho do campo tornavam-se delicadas quando enlaçavam a linha na agulha de crochet ou nos bordados.
Saudade...
Pois é Xica a verdade é que aprendemos a amar estas mãos e estas gentes, gente que lutou incansávelmente por uma "terra sem amos", gente que ocupou terras abandonadas e que as pôs a produzir, mãos que nos afagaram também, gente que sabia que eramos miudos mas que já sabiamos ser solidários.
Obrigado pelo carinho que como sabes é mutuo.
Beijinho
mfc, é mesmo isso, o que escreveu é exactamente o que sinto quando olho para estas mãos. Apesar da penosidade do trabalho que as moldaram, elas transformam tudo num simples arco iris.
Susete, a riqueza dos enxovais saídos destas mãos é qualquer coisa de indescritível, mais ainda porque sabiamos da riqueza dos sentimentos que colocavam nas coisas ao fazê-las. Hoje mais do que nunca eu preciso de ter tudo isto perto de mim, poder tocar-lhes, sentir-lhes o cheiro.
Maltês, aprendemos porque nos ensinaram, cá está mais uma vez, a simplicidade das coisas quanta beleza encerra e como nós gostamos.
jinhos grandes amigo
E mal sabes tu que ainda tenho rendas do enxoval da minha mãe feitas com (meadas) de linha de alinhavar que eram resistentes e noutros tempos (anos 20/30)não havia dinheiro para novelos de linhas de crochet.
Enviar um comentário