quarta-feira, julho 23

MEDOS


Eu funciono um pouco com´áqueles bois de trabalho que predominam mais no Norte do País, atrelados nas cangas, para lavrar os campos, no alentejo são mais as mulas, precisam ser picados pa se mexerem, assim sou eu com o calor, o corpinho nã quer bulir de manêra nenhuma, o sentido, esse então nem se fala, bom mas se me derem uma injecção de mar eu volto aos meus tempos aureos; o que foi o caso ontem.
Estas fotos ( por sinal, tirei eu ) são do meu mar, musa inspiradora, que juntamente com o post sobre o Colombo, me inspiraram mais este.

" Não existe o esquecimento total; as pegadas impressas na alma são indestrutíveis"
Ralph Waldo Emerson

Na aldeia de branco caiada, imperava a pobreza, a fome, mas também a revolta.
Ruas estreitas, solitárias, carregadas de silêncios, porque assim o exigiam as circunstâncias.
Nas duas rondas que a GNR fazia a cavalo, o som dos cascos batendo na calçada, era suficientemente intimidatório - repentinamente - um grito e logo outro, seguidos de outros tantos a ecoar no vazio, a medo algumas pessoas saem à rua, outras espreitam apenas aos postigos entreabertos, uma mulher com algemas é arrastada pelas ruas entre os dois cavalos, não, sem que ela se debelasse e gritasse " bandidos, vocês são uns bandidos".
Estas imagens são dificeis de apagar de uma mente infantil, que de infantil só tinha mesmo o nome, porque a vida a obrigou a olhar o mundo, dos seus 7 anos, de forma diferente daquela que é hoje permitida às crianças -porque ABRIL ABRIU AS PORTAS -
Enquanto sentia o silêncio dos adultos, mantive-o também, contudo, quando em surdina surgem os primeiros comentários, da inocência dos 7 anos pergunto - porque é que a mulher vai presa?
Os adultos entreolham-se tristes e em surdina respondem - schiuuuu.. porque roubou um senhor.
Era tudo tão estranho, tão assustador, estas memórias, por mais que tentemos apagá-las, não se consegue e agora assistindo ao vivenciar de tantos medos por parte de tantas pessoas que se cruzam no meu caminho - medo pela precariedade de trabalho que lhes é imposta e não alimenta a casa nem os filhos, medo da perda mesmo nessas condições, medo , medo medo. Mais do que nunca se justifica escrever estas memórias para que de alguma forma, elas possam contribuir para um incentivo ao não conformismo e a cedência a mais medos.

11 comentários:

PjConde-Paulino disse...

Xica:
Olá! cá estou, o novo desodorizante e faço desaparecer o cheiro mais embirrante...lol..( pra que me havia de dar"..lol podia ser pior...A palara "olá" faz destas coisas....lol

Bem, vamos lá à vaca fria..lol.:)

1º que bom que a comadri foi à praia...cuidado com a peli" bronzeada com "munto" soli....

2ª Quanto aos medos" intrínsecos; a pessoa sente o medo e não sabe bem de onde...mas sente; pela fragilidade da vida económica da família ou da empresa enfraquecida.

3º Os medos no tempo da velha "senhora" foram temores nos quais ouvi falar, não senti na pele, soube por terceiros - em 1974 tinha eu a idade juvenil e inconsciente de 11 anos.

4º Hoje quando os "temores" e a insegurança, estão de novo, batendo ás nossas portas, temos de usar, mais do que nunca, o nosso legítimo e pleno direito de cidadania.

5º não posso escrever mais nada..lol.porque me chamam para outros compromissos..lol

Comadri" Xica um beijo deste cumpadri" que vai devagar" pra nâ se "cansari" reconhecendo o seu jeito envolvente e justo embora esconda o seu lado da ternura mas que é bem visível nas entrelinhas do que escreve:P

Mar disse...

Se isto é um corpinho que nã quer bulir olha o que não será quando o gajo lhe apetecer tar aos pinotes?
Boa produção amiga, cheia de garra, assim é que eu gosto de te ler.

Manhéin vou a banhos, não estranhes se estiver mais ausente..;-) Bejos

Susete Evaristo disse...

Lembro-me bem desses tempos e tinhamos de assinar o nome num livro que os guardas traziam para o efeito era como um livro de ponto, ao contrário, nós é que certificavamos que os gajos estavam de serviço. Mas olha que felizmente nunca presenciei nada do género. Mais os desgraçados (não todos que alguns eram maus como o caraçças) alguns, iam lá para casa, escondiam os cavalos no laranjal e todos na familia assinavam mais algumas das mulheres que no tanque estavam a lavar a roupa.
Ainda hoje me cumprimentam com alguma deferência.

Susete Evaristo disse...

Ah! e medos sinceramente já passei a idade, tenho alguns receios medos não, aliás nem sei se o que senti lá mais para trás, alguma vez foram medos.
Claro que nunca vivi certos aspectos ou envolvências politicas de familiares das que já percebi terem batido às vossas portas

XICA disse...

Pj , prontes é verdade, fui descoberta por su exª, mas tameim nã faz mal, eu sou mesmo assim.
Quanto ao bronze, é na base do pedrêro, pêtos e braçinhos.
Mar, LOL,LOL,LOL, tu havias de ver a môça pequena aos pinotes na areia, tive c´aprovêtar o tanque da rôpa do senhor que nos deu o mobiliário pa lavar os péis que fiqui na ultima. O nosso anjo da guarda só ria, parcia mé pai. Róbi-to por um dia e luvi-o comigo, tá descansada qué trati-o beim.
Susete, pranta-ti queda e vai molher o bogango,nã penses agora em coisas sérias, TÁS de FÉRIAS, Ok.

XICA disse...

Mar, vô róbar o nosso Anjo da Guarda outra vez pá semana, pa ir comigo a Mil Fontes buscar o resto da trugia cu homem se esqueceu de nos dar, despois explico, confia em mim.

Susete Evaristo disse...

Atão busqui, busqui e nã ta chi, quersa dezera ó moço novo quias aqui prantar. É que nem o assumasti a ma janela ó será que se desbruicinou tanto que caiu?
Vá prantólá ôtra vez.

XICA disse...

Pera aí quéu nã tô conseguindo enfier os retratos nisto, e jé tô enquetada e marafada e tudo e tudo.

Susete Evaristo disse...

Atão nã desemburra?

Susete Evaristo disse...

Nunca más é sábado comadri? heheheehe!!!!!!!!! olha qué ôje qué sábado!!!!!
Já tô com agasturas por mór da ansiadade e nada!

XICA disse...

E eu desorientadinha por mode que nã sê andá nisto, prontes, nã era assim quéu queria apresentar o meu menino mas tu com essas agasturas nã me dêxas saber andar nisto pa fazé uma entrada à manêra, vô jé prantar um retrato do môço pa tu veres, tá beim?