quarta-feira, julho 23

GIPSYS

Se o Samuel cobrasse de cada vez que fazemos cópias, referências ou inclusivamente retiramos muito boas ideias do blog dele, certamente a sua situação financeira estaria em alta. Bom, mas enquanto ele não cobra por tudo isto nós vamos aproveitando e vamos brilhando por conta das ideias dele.
Lá, está quase tudo, não apenas no post em si, como nos comentários, e eu não me sinto sózinha, porque nos meandros onde me movimento a opinião é outra.
A questão fundamental, quanto a mim, sem pretensões a solucionar alguma coisa e muito menos ainda a ser uma iluminada, considero ser - imposição da sedentarização, associada esta a politicas economicistas, dá o bonito trabalho que aí temos e de que todos estão fartos de assistir pelos media.
Vejamos os bastidores das politicas sociais concebidas para todos, sem excepção, independentemente da raça, côr ou etnia - Rendimento Social de Inserção, anteriormente chamado de Rendimento Minimo Garantido, implementada desde 1997 data a partir da qual começa a ser exigida a sedentarização destas familias, grandes beneficiários da medida, pela impossibilidade em se fazer prova da existência ou não de rendimentos.
De entre as várias acções de inserção direccionadas para a familia, que a referida medida contempla, uma delas é a " Integração em acções de Realojamento" que é assinada pelas autarquias locais, parceiros obrigatórios. Outra é a " Integração das crianças na rede do pré escolar e Ensino público, ou ainda a integração dos adultos em acções de formação e alfabetização" como elementos criadores de condições de empregabilidade para estes.
O não cumprimento desta contratualização leva à suspensão da atribuição da prestação e para o cumprimento deixa de haver lugar ao nomadismo.
Por outro lado temos as forças de segurança a imporem o cumprimento de uma lei instituida no nosso país que refere " a impossibilidade de permanência destas, em determinado local por tempo superior a 48 horas, salvo erro".
Entram então as "soluções" milagrosas de resolução destes problemas - construção de bairros ou habitações completamente inadequadas, quer pela dimensão, quer pela localização das mesmas - e eu pergunto, aliás já perguntei em vários sitios onde estas questões são discutidas e sempre consigo provocar uma gargalhada geral, sem que que eu entenda porquê, porque têm que ser os organismos estatais a solucionar os problemas de qualquer etnia? porque não impôr a resolução desses problemas às familias à semelhança do que acontece com os que não são ciganos ou pretos ou marroquinos?
Não entendo o paternalismo para com minorias, decididamente não vou entender nunca, a criação de organismos estatais especificos para o tratamento das questões de minorias. Porque pela experiência que eu tenho, estas minorias depois de instaladas à conta do paternalismo de todos nós, invertem a situação rápidamente e tornam-se maiorias, sufocando tudo e todos que estão à volta.

2 comentários:

Susete Evaristo disse...

E tens razão o cigano tal como o entendo e eles proprios se entendem são pessoas livres na sua capacidade de deambular pelo mundo.
Obrigar a uma sedentarização é contra natura.
Embora conheça quem se fixou em algum lugar só aí permanece durante algum tempo.
Querer que a cultura e a tradição cigana se molde a valores como os nossos é matar a alma dessa gente.

XICA disse...

Susete, atenção que tu continuas com uma visão muito idílica dos ciganos, mas a realidade hoje e sobretudo quem está muito próximo deles, sabe, que os mesmos foram sujeitos a um processo de aculturação, que lhes alterou os comportamentos, quanto a mim para pior, contudo na sua essência, eles continuam a ser ciganos ( com tudo o que a palavra significa).