terça-feira, maio 27

SIADAP

Sistema de Avaliação da Função Pública precisamente no momento em que se revelam as várias perversões do sistema.

Previamente à implementação do mesmo, os serviços em geral fizeram uma abordagem, ainda que superficial, pela complexidade e porque se tratava de um sistema pioneiro, exigia este uma melhor preparação dos visados no processo, contudo pra mim e ainda imbuida do espirito critico de ex sindicalista, tirei algumas ilações antes de se concretizar a sua aplicação prática.

1. O sistema iria agravar as já periclitantes relações laborais nos vários serviços, dando-se assim cumprimento a um dos objectivos para o qual o mesmo havia sido criado pelos mentores, ao serviço de um capitalismo desenfreado que para sobreviver, fomenta a divisão;

2. A grave crise económica leva à proliferação de patologias mentais diversificadas, umas já diagnosticadas e outras ainda a constituir apenas sintomatologia depressiva, que a complexidade deste sistema em muitos serviços veio agravar, porque fomenta:
- A desconfiança
- A competitividade negativa " quem tem unhas toca viola"
- O compadrio relacional entre avaliado e avaliador
tudo, menos a tão necessária solidariedade entre as pessoas e a tão necessária consciência de classe.
- O medo do não cumprimento dos objectivcos estabelecidos, que leva a penalizações como a não progressão nas carreiras, ficando o consequente aumento salarial, associado à referida progressão comprometido, leva à desmobilização dos trabalhadores para eventuais acções de luta que se proponham.
( PERVERSIDADE SOCIAL)

3. Siadap aplicado à Administração Local - Os eleitos locais, poder próximo dos trabalhadores das autarquias, rostos conhecidos, amigos, passam a transportar com eles o rótulo e carga negativa que o sistema comporta, porque não se trata de rostos anónimos como os dos responsáveis da Administração Pública em geral.
( PERVERSIDADE POLITICA)

4. Constitui projecto piloto, regulamentação nova, concebida por tecnocratas distantes das realidades laborais e das especificidades dos serviços, muitas vezes este sistema não é compatível com um bom desempenho de tarefas, sobretudo em áreas em que o desenvolvimento das actividades está directamente ligado aos utentes dos serviços, e porque de pessoas se trata.
Do que atrás referi são ex. os trabalhadores da área social, supostamente próximo do seu objecto de trabalho, as pessoas, pela diversidade de problemáticas com que trabalham, não sendo por isso mesmo mensurável este tipo de tarefas.
A necessidade de fazer prova documental das tarefas desenvolvidas para uma posterior avaliação, leva os técnicos ao preenchimento constante de papeis, e mais grelhas, e mais fichas, e... maior indisponibilidade/distanciamento aos utentes dos serviços.
Logo, mais burocracia e menor qualidade de serviços.
( PERVERSIDADE ADMINISTRATIVA)

A imperatividade no cumprimento da lei leva apesar de tudo à sua implementação e na prática à privatização deste tipo de serviços em muitos institutos do estado. Se não, que designação se dá aos protocolos estabelecidos pela Seg. Social com IPSS para a gestão processual de beneficiários de RSI ( Rendimento Social de Inserção)?
É sobre os técnicos, com quem as IPSS contratualizam, numa situação de trabalho precário(recibos verdes), que recai a responsabilidade da gestão e acompanhamento de problemáticas tão diversificadas como as que esta área comporta e sem horizonte de continuidade, como as mesmas também exigem, porque a contratualização termina quando os objectivos definidos pela S.S às entidades protocoladas, não forem cumpridos.

Perante este quadro cresce ainda mais a minha revolta, porque me preocupam verdadeiramente e sempre, os da base da pirâmide hierárquica, os que não reunindo os conhecimentos necessários para se defenderem, os que mais baixos salários auferem, como se este facto por si só não fosse suficientemente penalizador, ficam completamente expostos a todo o tipo de poder, sobretudo o abusivo poder dos supostos conhecedores do assunto.

E todos consideram tudo isto muito normal? Aceitável?
Depois venham de lá os iluminados defender que a exclusão social não é uma questão de pobreza mas sim de patologia mental.
E depois venham de lá também, bem definidas, as estratégias de gestão de riscos!

7 comentários:

Mar disse...

Amiga...estou de boca a berta...juro, furiosa por não ter sido eu a escrever isto, eu a tal que barafusta isto mesmo aos sete ventos, como bem sabes.
Brilhante, vou imprimir e passar a mostrar a várias pessoas, posso?
E posso pedir-te que o envies para o DA ou A.Popular? Ou deixas que envie em teu nome?? A sério, merece a pena que mais gente leia isto que tão bem conseguiste estruturar, palavra!

Susete Evaristo disse...

Subscrevo completamente o que a Mar aqui deixou no seu comentário.
Acho que merece ser divulgado sim senhora.
Os meus parabens colocas todos os pontos nos iiiiissssssss.

caminhante disse...

Comadre após a nossa conversa sobre este tema esta prosa veio que nem ginjas temos de passar a mensagem.

Abreijos

XICA disse...

Mar: Amiga com a barraquinha da je, tu fazes o que quiseres, tá beim, manda pra donde entenderes!
Susete, quem melhor que tu para o fazeres.
Sousa, força, copia tira e põe onde quiseres.

Anónimo disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
Susete Evaristo disse...

Miga há mensagens para ti lá no meu sitio vai ver para se quizeres dar a resposta.
Beijinhos

XICA disse...

Amiga jé lá tão as respostas, mais uma vez obrigado pelo emprestimo da barraquinha e montes de mimos especiais para ti grande Môça!