terça-feira, fevereiro 16

ENTRUDO

Num dia que era suposto ser soalheiro, num dia que era suposto ser de Carnaval e corsos e gaijas descascadas em cima dos carros, a abanarem as carnes rijas e as que não estão rijas vestem meias que enrijecem as carnes e muita musica barulhenta e toda ela igual em todo o sitio, nada disto é verdade.

O dia é de chuva, o carnaval é entrudo e não há corsos pra ninguém, mas sim malta que tá-se bem a cagar pra esta palhaçada toda e continua a respeitar a boa tradição portuguesa, anda por as ruas , destrajedo como muito bem lhes apetece e as bolsas o permitem, fazem rir e sorrir o mais céptico dos mortais e a todos que os vêem passar e é isto o nosso entrudo.


Por mim e à falta de uma cabeleira que complemente o traje de ocasião - PALHAÇO - disponível na gaveta e todo mamado das traças, fico-me pelas vistas, pela gargalhada provocada pelos conterrâneos que se aventuraram na brincadeira, mesmo sem um traje todo ele harmonioso, vou atacar uma sapateira, mais uns espargos com ovos mais uma grade de mines e assim sou excluida da selecção das gaijas boas que vão abanar as carnes rijas nos carros, porque fico completamente imprópria para qualquer eventual exposição, até mesmo a solar que se aproxima.

2 comentários:

Susete Evaristo disse...

O Carnaval de gajas com o rabo ao leu, sambas que nada tem a ver com a cultura portuguesa e com temperaturas mais convidativas para um bom capote não merece a minha simpatia.
Já várias vezes tenho afirmado as minhas saudades do entrudo na minha terra, as danças do Balha-bem, o enterro do bacalhau e as mascaradas tipo matrafonas que em especial na noite de sábado abundavam nas ruas de Serpa.
Não gosto do Carnaval às voltas numa qualquer praça, copia muito pobre do Carnaval e do sambadromo brasileiro e mesmo esse já é feito para os turistas, deixou de ser jenuino.
Aprecio isso sim as máscaras e os fatos do Carnaval de Veneza.

Unknown disse...
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