Nós,
os que temos agora vinte e trinta anos
e nos arrasta a inquietação de um mundo mais justo,
não vivemos nunca a liberdade.
Temo-nos andado a chatear, escondidos
ao fundo deste vexado país, e muita vez
nos espantámos da indiferença dos irmãos,
tornados insensíveis e mudos pelo medo.
Algumas vezes tentámos levantar voo
mas topámos com força contra velhas paredes de ódio.
Conhecemos o fel da tranca, a amargura da impotencia,
e os mais ousados conheceram também a sufocação de dias longos
e cinzentos à sombra de geladas grades.
Proclamaremos, porém, que enquanto um fio de lucidez ponha a fé
acima da nossa vontade, não temeremos o veneno
da serpe, porque nos sabemos possuidores da razão.
Proclamaremos, também, que cada dia seremos mais
os que querem, com exigência, um mundo mais justo,
um mundo mais nosso, onde possamos saber pela primeira vez
o que é, e como se vive, a liberdade.
Àlvar Valls
Desviado aos Môços D´Abrila
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